Escrita criativa
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Mensagem  Meghanne Barros Sex Nov 30, 2012 3:11 pm

Biografia

Bernardo Durão, nascido no mês de fevereiro de 1992 na cidade de Coimbra, era um estudante universitário com vinte anos e filho de um casal bem sucedido no mundo da advocacia que sonhava ter um filho que enveredasse pelo mesmo ramo. Contudo, Bernardo que se apresentava sempre com um ar despreocupado por onde andava, era um simpático rapaz das Artes, que se esquecia sempre de pentear o seu cabelo preto encaracolado quando saía de casa. Vestia-se de maneira a estar o mais confortável possível, mesmo que isso passasse pelo uso constante das suas botas preferidas de cabedal. Todas as raparigas elogiavam os seus olhos verdes e o seu sorriso que continuava malandro desde criança, mas ele não ligava muito, pois achava que não devia perder tempo com raparigas e seria melhor preocupar-se com a sua paixão pelas Artes. Era um rapaz descuidado, mas, ainda assim, charmoso!
Vivia sozinho num pequeno e acolhedor apartamento em Lisboa e gostava de escrever na antiga máquina de escrever do seu avô António, enquanto ouvia músicas calmas que lhe serviam de inspiração. Ninguém se preocupava em ler o que ele escrevia, mesmo assim, ele dizia escrever para ele próprio ler. Tirou a carta de condução, porém preferia andar de bicicleta, que era o suficiente para o levar aos sítios onde ele gostava de ir, para ler um livro e esquecer o resto do mundo.
À medida que foi crescendo, tornou-se um homem cada vez mais decidido e continuou rebelde e a contrariar os desejos dos pais. E, como amante das artes, dedicou-se também à pintura e trabalhava numa loja de quadros. Apesar do seu estilo de vida, Bernardo sempre foi uma pessoa muito organizada, muito cautelosa e perfecionista: em casa arrumava todos os seus livros por ordem alfabética; gostava de comer todos os dias, ao pequeno-almoço, duas torradas e uma grande chávena de café; e, fumador que era, fumava sempre na varanda enquanto pensava no que deveria escrever minutos a seguir.
Era tio de uma menina loira chamada Clara, filha do seu irmão Fábio, que, por sua vez, era um cirurgião muito conceituado. Fábio também não compreendia o irmão, e muito menos a persistente maneira como ele se vestia: sempre com os mesmos tons claros de branco e azul com as tais botas que ele adorava.
No entanto, o Bernardo não se importava com o que achavam dele. Era um grande sonhador e ambicioso, pois achava que o limite das coisas nem no céu se encontrava, e por isso queria acabar o curso e viajar pelo mundo inteiro. De facto ele conseguiu acabá-lo e ainda estudou fotografia; juntou-se a um grupo de escritores e contadores de histórias e viajou. Viajou sempre acompanhado de livros, um bloco de notas e uma máquina fotográfica e decidiu dar a volta ao mundo e tirar apenas duas fotografias a cada sítio que visitava.
Passaram-se os anos e os pais continuaram a tratá-lo como um desconhecido. Comprou um cão que era a sua única companhia e deu-lhe o nome de Buddy, até ao dia em que uma mulher muito magra e ruiva se aproximou dele e lhe elogiou os seus bonitos olhos verdes. Conheceram-se e juntaram-se por serem tão parecidos, ao ponto de gostarem tanto da sua liberdade que preferiram não casar. No entanto, partilharam a ideia de terem dois filhos. Tiveram um menino ruivo chamado Luís e uma menina morena chamada Maria, ambos com os olhos verdes do pai.
Hoje, o Bernardo é um escritor famoso e tem uma célebre exposição em França com as duas fotografias que tirou a todos os países que visitou. Vende uma torrente de livros e ajuda a mulher nas suas exposições de pintura. O seu irmão já não o critica e continua sem ter noticias dos pais. Sente-se feliz com o estilo de vida que tem com uma mulher tão parecida a ele. E anseia continuar a escrever, ler e pintar até que um dia a vida lhe dê um fim, assim como têm todos os livros que escreve ou lê.

Carta
Querido Bernardo,
Já não falamos há muito tempo. Soube pelo teu irmão que acabaste o curso e, do que tenho lido, és um grande escritor. Também ouvi dizer que por não teres medo de sonhar viste o mundo inteiro como sempre quiseste fazer. Ah! Como me poderia esquecer? Tens duas pestinhas, não é? Um menino e uma menina. E claro uma mulher. Desde já, quero dar-te os meus parabéns, meu filho. Parabéns!
Não sei se o Fábio te contou, mas a vida para estes lados complicou-se, o teu pai deixou-me por uma rapariga nova e pediu-me que saísse de casa. Vim para casa da tua tia Isabel e até agora estou aqui e continuo a trabalhar como advogada, mas também já tive melhores dias.
Com esta carta queria pedir-te perdão por todos estes anos ter sido egoísta contigo e ter concordado com o teu pai em considerar-te um maluco que nunca ia ter sucesso nas artes. Queria dizer-te que estou muito orgulhosa de ti! E também muito arrependida! Meu filho, quando eras mais pequeno sempre te disse para lutares pelos teus sonhos, e foi isso mesmo que fizeste. Estou mesmo orgulhosa! E cheia de saudades para falar a verdade. Não sei se me queres ver, mas eu gostava de te ver, a ti, à tua mulher e aos teus filhos que devem ser lindos. Espero que continues com esses caracóis despenteados e que os teus filhos também sejam tão despreocupados como tu.
A vida dá muitas voltas e ensina-nos muitas coisas, mas o amor que tenho por ti, meu filho, continua o mesmo e fica a saber que me sinto arrependida por não te ter acompanhado na realização dos teus sonhos durante todos estes anos. Espero que me respondas e que possamos voltar ao que eramos quando ainda era que te fazia as torradas e o café da manhã.

Com amor,
A tua mãe, Luísa.

Meghanne Barros

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